Bom... Ainda não tinha me apresentado. Oi, me chamo Raphaella Martins e sou a autora dos contos. Tenho 14 anos de idade e atualmente resido em Curitiba, no estado do Paraná.
Bom, como podem ver eu trabalho muito com textos sobre o sobrenatural, mas, adoraria que me vocês me dessem sugestões para contos. Meu contato é: maybe_immortal@hotmail.com
Este conto é baseado em auto-conhecimento. Há algumas coisinhas em francês (tô me achando agora que estou fazendo cursinho de francês. xD) Mas, como não sou tão do mal quanto minhas personagens, eu traduzi para vocês.
Primeira Web-series que eu escrevo. \õ/
A ideia veio quando eu assisti: "Cisne Negro". Eu indico.
É isso, povo. Espero que gostem. ;*
P.S.:Quem quiser a música depois: http://www.youtube.com/watch?v=nKPz9qt1orM
***
Era uma noite fria de 1914, já era muito tarde. Estava a estourar uma guerra lá fora. O que se via, era apenas um clarão que cortava a visão das pessoas. Por vezes, as matava. Se estivessem muito perto, seus corpos eram dizimados. Simples assim.
Era assustador ouvir aqueles tiros e barulhos de bombas por todos os lados. Era realmente terrível.
Angeliquie estava ainda no atelier de ballet. Caída, mortificada, entristecida... Ferida. Ela sentia o chão gelar seu corpo miúdo, sentiu uma onda fria e penetrante lhe percorrer desde seus pés até seu último fio de cabelo castanho. Despertou. Sentiu a dor lhe percorrer todo o ser, e protestou com um gemido.
Abriu delicadamente seus olhos e deu uma boa olhada ao redor. Viu o assoalho com marcas de sapatilhas. Olhou em volta, espelhos por toda parte e em alguns lugares, barras de ferro para o aquecimento e coisas assim.
Deslizou as mãos até seu tórax, e foi tentando se levantar. Seu corpo estava frio, o sangue corria dolorosamente pelas veias resfriadas pelo tempo. Ela tremia. Andava cambaleando, por a dor e o frio a consumiam. O desconforto da luz das velas corrompia sua visão, mas aos poucos, os olhos se adaptavam.
De repente, deparou-se com um castiçal. Ele era todo prateado e detalhado como feito nesta época. Normalmente, tinham as lamparinas que eles usavam nestas noites, mas por vezes, para se esconder, preferiam aos castiçais. A luz da vela era poderosa o suficiente para iluminar o caminho subterrâneo de fuga.
Angeliquie semicerrou os olhos e abaixou-se, pegando no castiçal. Ele parecia congelado. O metal havia se resfriado. Os dedos dela estavam secos, e seus lábios cor-de-rosa, rachados. Olhou por uma das janelas, com o olhar curioso. Viu neve. Toda e qualquer queda era dolorosa no frio. Ela olhou melhor o castiçal e ali tinha uma substância vermelha. Ela quase que se lembrou. Viu apenas um vulto de silhueta feminina, vestida de preto, batendo-lhe aquilo na nuca. Ela protestou de dor. A dor veio como um raio. Tão rápido que ela não soube explicar naquele mesmo momento.
A pancada fora tão forte, que ela pareceu não entender mais nada do que se passava naquele momento. De repente, uma música do cravo ecoou pelo estúdio... Ela estremeceu. “Night of terror”... Sim, a música que ela mais gostava do “Lago dos cisnes”. Porém, era uma das músicas mais sombrias.
Andando como se estivesse dançando, para não fazer barulho, ela ia em direção a porta. Porém, ouviu um barulho atrás dela e virou-se bruscamente. Quando se virou, se deparou com um grandíssimo espelho. Primeiramente, viu a si mesma. Cabelos castanhos longos e trançados, um belo par de olhos chocolate com caramelo. O corpo magro, porém mais sensual para uma bailarina. O colã branco e a saia baixa também branca explicitavam isso claramente. A meia-calça branca, e o bolero branco. A roupa que mais chamava atenção ali eram as sapatilhas. Angeliquie as tinha ganhado da mãe, antes que ela morresse. Eram suas favoritas. Rosadas, com fitas de seda. Entrelaçavam-se por suas panturrilhas, até fazer um laço perfeito. A pele que já era um floco de neve estava ainda mais clarinha por causa da baixa temperatura. Porém o mesmo frio que rachara seus lábios parecia cortar as maçãs de seu fino rosto. Elas pareciam um rosado meio avermelhado.
Angeliquie ignorou sua imagem, pois ela era quem melhor a conhecia. Virou-se, ignorando solenemente o espelho. Porém, ouviu outro barulho. Desta vez, Angeliquie deu uma lufada, bateu levemente o calcanhar no chão, mas com o silêncio propagado no estúdio, pode se ouvir o barulho de seu pé batendo no chão. O frio ficou mais intenso. Parecia partir a roupa da menina para destroçar sua pele como neve.
Virou-se. Desta vez ficou pasma, incrédula... Quem sabe perplexa.
A imagem que viu refletida ali foi a sua. Não, não era ela! A roupa branca havia passado ao negro mais extremo. Os cabelos trançados estavam soltos. Até mesmo as sapatilhas estavam pretas. A meia calça cinza. Havia certa, porém quase imperceptível mudança no preto da roupa da menina refletida.
Angeliquie olhou, avaliou, afastou-se. Deu dois passos para trás e colocou o braço na altura do queixo, como que em defesa. As janelas se abriram, e os cabelos de ambas as meninas ficou ao vento. A menina de negro sorriu sarcasticamente para Angeliquie, enquanto o vento lhes cortava o corpo. Aliás, só o de Angeliquie.
_Ange, - A voz de seu professor de ballet, ecoou por sua mente. – seu pior inimigo é você mesmo. Olhe no espelho e diga-me o que vê.
_Eu mesma. – Disse ela, com a voz sempre meiga e aveludada. Olhava com inocência para o professor.
_Aquela... Não. Você está aqui, do meu lado. – Disse ele, colocando as mãos nos ombros de Angeliquie. – Aquela no espelho é outro pedaço de você. Seu pedaço que você desconhece. Lembre-se sempre, Ange. O espelho sempre terá duas faces, mas decida qual é você.
_Oui, monsieur Edward. – Disse ela, baixando a cabeça e indo em direção a estante, para pegar suas coisas.
(Tradução: Sim, senhor Edward.)
(Tradução: Sim, senhor Edward.)
Estas lembranças, essas palavras pareciam agora fazer sentido. Mas ela não sabia que seria tão literalmente assim.
_Você é fraca! – Riu a menina vestida de preto.
_Você não é real! – Gritou Angeliquie, pegando o castiçal e batendo contra o espelho.
Ele se partiu e caiu. Angeliquie afastou-se, mas sem querer esbarrou as cortas em alguém. Virou-se. O grito lhe cortou a garganta.
_Pode correr, mas não pode se esconder. – Disse a menina vestida de negro.
_Eu vou acordar. Isso é só um pesadelo. – Angeliquie fechou os olhos e começou a dizer isso, pensando que era só um sonho. – Quando eu abrir os olhos, você não mais estará aqui.
Ela os abriu. Nada estava ali. Suspirou aliviada... Realmente, era só um sonho.
_Dizer isso que mamãe lhe ensinou lhe faz sentir-se melhor, Ange? – Disse a menina de negro, logo atrás de Angeliquie.
Ela se virou e outro grito lhe partiu a garganta. Parecia que alguém arranhava sua garganta, pois estava totalmente seca e desarranjada. O medo e a incredulidade consumiram Angeliquie em milésimos de segundos.
O som da música pareceu aumentar e aumentar. Ela correu. A cada passo que dava a música aumentava. Batendo seus braços finos contra a porta, ela a abriu, atravessando-a. As janelas abertas daquele estúdio deixavam o ar ainda mais congelante.
_Vous estês ce que vous estes. – Gritou a menina vestida de negro. – Admita, sua tola.
(Tradução: Você é o que você é.)
Desajeitada, Angeliquie correu até perto do cravo, quando ouviu a porta do lado se abrir. Gritou, só que mais fraco desta vez.
_Miss Ange. Procurei-te por todos os lados, Fillette. – Era a voz de Monsieur Edward.
(Miss: Senhorita. Fillette: Moçinha.)
(Miss: Senhorita. Fillette: Moçinha.)
_Monsieur. – Ela atravessou o estúdio correndo e jogou-se contra o corpo de Edward.
Ele ficou confuso, e acolheu-a em seus braços, mas assim que a menina desabou a chorar ele ficou realmente preocupado. Não entendia, mas iria deixar que a pequena menina se acalmasse.
_Será que tinha acabado?! – Este era um pensamento que gritou insanamente dentro de Angeliquie.
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